domingo, 26 de outubro de 2008
Quinto Sertório
Os Lusíadas - Canto VIII
8
"Vês? conosco também vence as bandeiras
Dessas aves de Júpiter validas;
Que já naquele tempo as mais Guerreiras
Gentes de nós souberam ser vencidas.
Olha tão subtis artes e maneiras,
Para adquirir os povos, tão fingidas,
A fatídica Cerva que o avisa:
Ele é Sertório, e ela a sua divisa
8
"Vês? conosco também vence as bandeiras
Dessas aves de Júpiter validas;
Que já naquele tempo as mais Guerreiras
Gentes de nós souberam ser vencidas.
Olha tão subtis artes e maneiras,
Para adquirir os povos, tão fingidas,
A fatídica Cerva que o avisa:
Ele é Sertório, e ela a sua divisa
Sobre a vida de Caius Marius
Caius Marius
Caio Mário (Cereátas, Arpino, c.157 a.C. - Roma, 13 de Janeiro de 86 a.C.) foi um dos mais brilhantes políticos e generais da República Romana.
http://pt.wikipedia.org/wiki/Gaius_Marius
De origem volsca, Mário não pertencia à aristocracia tradicional de Roma, a sua família provinha da região de Arpinum, onde detinha importantes negócios. Por este motivo, a sua progressão política na elitista República estava a princípio limitada. Mário fez no entanto o serviço militar durante a Terceira Guerra Púnica, onde participou no cerco de Numância. Ao fazer 30 anos, Mário entrou para o senado romano e cumpriu o seu mandato de tribuno da plebe em 119 a.C.. O seu percurso foi feito a pulso, perdendo várias eleições, visto que lhe faltava um apelido aristocrático que captasse os eleitores. Em 116 a.C., Mário consegue eleger-se pretor, embora com acusações de corrupção e suborno eleitoral, e no ano seguinte torna-se governador, com estatuto propretor, da província romana da Hispânia Ulterior. Este mandato ofereceu-lhe hipóteses de negócio que vão aumentar a sua fortuna consideravelmente.
De regresso a Roma, Mário consegue dar um importante passo em frente na hierarquia social de Roma ao casar com a patrícia Júlia Caesaris (tia de Júlio César). Talvez devido a este suporte familiar, Mário conseguiu uma nomeação como legado militar do ex-cônsul Quinto Cecílio Metelo Numídico na campanha da Numídia, que se saldou num sucesso. Esta sua vitória granjeou-lhe a fama necessária para ser eleito cônsul em 107 a.C. e no ano seguinte, foi ele próprio a encabeçar a expedição final contra o rei Jugurta da Numídia. É nesta altura que aparece a primeira evidência da relação de amizade com Lucio Cornélio Sula. De regresso a Roma, Mário consegue um triunfo para celebrar os seus êxitos.
Entretanto, no Norte de Itália aparecia um perigo sem precedentes para Roma: uma confederação de tribos germânicas,compreendendo cimbros (os mais numerosos), teutões, marcomanos e tigurinos, com cerca de um milhão de pessoas aproximava-se dos Alpes com a clara intenção de invadir a Península Itálica.
Em 105 a.C., devido à inepta actuação dos comandantes romanos (o cônsul sénior, Cneu Málio Máximo e Quinto Servílio Cipião) o exército romano sofreu uma estrondosa derrota que quase aniquilou toda uma geração de homens. O pânico era generalizado e provocou a eleição de Mário em 104 a.C., considerado o único general capaz de lidar com a ameaça, para um segundo consulado, apesar de se encontrar ainda em África e de o primeiro ter sido há menos de 10 anos. Mário aceitou a nomeação mas impôs a condição de ver o seu mandato renovado até a ameaça ter desaparecido. Exigiu ainda carta branca para a reorganização do exército e criou a primeira legião romana profissional, integrando na legião os capite censi (o proletariado romano). Em 102 a.C., na batalha de Aquae Sextiae (Aix-en-Provence), derrotou a tribo dos teutões e no ano seguinte aniquilou os cimbros na batalha de Vercellae (Vercelas), pondo fim à ameaça germânica.
Nos anos seguintes, Mário regressou à vida privada apesar de se manter um cidadão influente. Mas a ambição de novas vitórias esteve sempre presente e, 88 a.C., quando rebentou a primeira guerra contra Mitridates VI do Ponto, Mário ambicionou o comando. Desta vez, devido à idade e ao facto de ter já sofrido uma trombose que lhe paralisou o lado esquerdo do corpo, Mário falhou a nomeação. O general indicado para este comando foi Lúcio Cornélio Sula, seu antigo legado, que se tornou num alvo político a abater. Através do suborno de um tribuno da plebe, Mário legislou que o comando mitridático fosse removido de Sula e entregue a si próprio. Mas Sula tomou a espectacular decisão de recusar cumprir a directiva e em vez disso invadiu Roma com o seu exército. A cidade foi tomada à força e Mário teve de fugir para África com os seus colaboradores para evitar o assassinato. Sula abandonou Roma em direcção ao Oriente em 87 a.C., e Mário desembarcou na Etrúria retomando o controlo de Roma com Lúcio Cornélio Cina, um dos seus aliados políticos de maior confiança. Juntos organizaram uma limpeza de todos os aliados de Sula, assassinando muita gente. Mário conseguiu ainda o tão ambicionado sétimo consulado (a 1 de Janeiro de 86 a.C,), apesar das suas capacidades físicas e mentais estarem obviamente perturbadas. Mas durante uma guerra de repressão por parte de Cina para com os romanos que estavam pilhando e saqueando a cidade, Mário acabou morrendo, já estando completamente destruído pelos problemas físicos e mentais (cirrose, problemas com a bebida que criaram isto, depressão e complexos).
Legado
O legado de Mário na história da República Romana é impar. As suas reformas no exército deixaram as bases do exército profissional que haveria de servir Caio Júlio César nas suas conquistas e, mais tarde, na expansão do Império Romano. Do ponto de vista político, foi a cabeça da facção dos Populares e os sete consulados de Mário abriram um precedente político para a quebra das rigorosas regras eleitorais de Roma, que haveria de resultar numa sucessão de guerras civis e na queda da República em 27 a.C..
http://pt.wikipedia.org/wiki/Gaius_Marius
De origem volsca, Mário não pertencia à aristocracia tradicional de Roma, a sua família provinha da região de Arpinum, onde detinha importantes negócios. Por este motivo, a sua progressão política na elitista República estava a princípio limitada. Mário fez no entanto o serviço militar durante a Terceira Guerra Púnica, onde participou no cerco de Numância. Ao fazer 30 anos, Mário entrou para o senado romano e cumpriu o seu mandato de tribuno da plebe em 119 a.C.. O seu percurso foi feito a pulso, perdendo várias eleições, visto que lhe faltava um apelido aristocrático que captasse os eleitores. Em 116 a.C., Mário consegue eleger-se pretor, embora com acusações de corrupção e suborno eleitoral, e no ano seguinte torna-se governador, com estatuto propretor, da província romana da Hispânia Ulterior. Este mandato ofereceu-lhe hipóteses de negócio que vão aumentar a sua fortuna consideravelmente.
De regresso a Roma, Mário consegue dar um importante passo em frente na hierarquia social de Roma ao casar com a patrícia Júlia Caesaris (tia de Júlio César). Talvez devido a este suporte familiar, Mário conseguiu uma nomeação como legado militar do ex-cônsul Quinto Cecílio Metelo Numídico na campanha da Numídia, que se saldou num sucesso. Esta sua vitória granjeou-lhe a fama necessária para ser eleito cônsul em 107 a.C. e no ano seguinte, foi ele próprio a encabeçar a expedição final contra o rei Jugurta da Numídia. É nesta altura que aparece a primeira evidência da relação de amizade com Lucio Cornélio Sula. De regresso a Roma, Mário consegue um triunfo para celebrar os seus êxitos.
Entretanto, no Norte de Itália aparecia um perigo sem precedentes para Roma: uma confederação de tribos germânicas,compreendendo cimbros (os mais numerosos), teutões, marcomanos e tigurinos, com cerca de um milhão de pessoas aproximava-se dos Alpes com a clara intenção de invadir a Península Itálica.
Em 105 a.C., devido à inepta actuação dos comandantes romanos (o cônsul sénior, Cneu Málio Máximo e Quinto Servílio Cipião) o exército romano sofreu uma estrondosa derrota que quase aniquilou toda uma geração de homens. O pânico era generalizado e provocou a eleição de Mário em 104 a.C., considerado o único general capaz de lidar com a ameaça, para um segundo consulado, apesar de se encontrar ainda em África e de o primeiro ter sido há menos de 10 anos. Mário aceitou a nomeação mas impôs a condição de ver o seu mandato renovado até a ameaça ter desaparecido. Exigiu ainda carta branca para a reorganização do exército e criou a primeira legião romana profissional, integrando na legião os capite censi (o proletariado romano). Em 102 a.C., na batalha de Aquae Sextiae (Aix-en-Provence), derrotou a tribo dos teutões e no ano seguinte aniquilou os cimbros na batalha de Vercellae (Vercelas), pondo fim à ameaça germânica.
Nos anos seguintes, Mário regressou à vida privada apesar de se manter um cidadão influente. Mas a ambição de novas vitórias esteve sempre presente e, 88 a.C., quando rebentou a primeira guerra contra Mitridates VI do Ponto, Mário ambicionou o comando. Desta vez, devido à idade e ao facto de ter já sofrido uma trombose que lhe paralisou o lado esquerdo do corpo, Mário falhou a nomeação. O general indicado para este comando foi Lúcio Cornélio Sula, seu antigo legado, que se tornou num alvo político a abater. Através do suborno de um tribuno da plebe, Mário legislou que o comando mitridático fosse removido de Sula e entregue a si próprio. Mas Sula tomou a espectacular decisão de recusar cumprir a directiva e em vez disso invadiu Roma com o seu exército. A cidade foi tomada à força e Mário teve de fugir para África com os seus colaboradores para evitar o assassinato. Sula abandonou Roma em direcção ao Oriente em 87 a.C., e Mário desembarcou na Etrúria retomando o controlo de Roma com Lúcio Cornélio Cina, um dos seus aliados políticos de maior confiança. Juntos organizaram uma limpeza de todos os aliados de Sula, assassinando muita gente. Mário conseguiu ainda o tão ambicionado sétimo consulado (a 1 de Janeiro de 86 a.C,), apesar das suas capacidades físicas e mentais estarem obviamente perturbadas. Mas durante uma guerra de repressão por parte de Cina para com os romanos que estavam pilhando e saqueando a cidade, Mário acabou morrendo, já estando completamente destruído pelos problemas físicos e mentais (cirrose, problemas com a bebida que criaram isto, depressão e complexos).
Legado
O legado de Mário na história da República Romana é impar. As suas reformas no exército deixaram as bases do exército profissional que haveria de servir Caio Júlio César nas suas conquistas e, mais tarde, na expansão do Império Romano. Do ponto de vista político, foi a cabeça da facção dos Populares e os sete consulados de Mário abriram um precedente político para a quebra das rigorosas regras eleitorais de Roma, que haveria de resultar numa sucessão de guerras civis e na queda da República em 27 a.C..
quinta-feira, 23 de outubro de 2008
Adrian Goldsworthy
Adrian Goldsworthy nasceu em 1969. Licenciado em História pela Universidade de Oxford, doutorou-se pela mesma universidade em História Militar Antiga, tendo sido investigador da Universidade de Cardiff durante dois anos. Actualmente dedica-se à escrita e lecciona na Universidade de Notre Dame, em Londres. É autor de várias obras sobre história militar antiga das quais destacamos, The Roman Army at War 100 BC - AD 20, The Punic Wars, Caesar: Life of a Colossus.
Adrian Goldsworthy em Portugal
Adrian Goldsworthy em Portugal. No próximo dia 29, pelas 11 horas, no Anfiteatro II da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa terá lugar uma conferência de Adrian Goldsworthy com o título:«César: a Vida de um Colosso».
Entrada livre.
Esta conferência surge na sequência da tradução de mais uma obra deste autor pela Esfera dos Livros
domingo, 19 de outubro de 2008
Generais Romanos
O império romano foi criado e mantido através do seu exército, uma das mais eficazes e poderosas forças militares em toda a História, e do engenho e arte dos seus generais.
De Scipio, Africanus que combinava o misticismo com uma determinação de ferro; a Aemilius Paullus, o conquistador da Macedónia; a Caesar, um líder agressivo e carismático, até Trajano o último grande conquistador, o historiador militar Adrian Goldsworthy narra, através destes generais, a história do Império Romano, a evolução do seu exército e do sistema político que o dirigia. De vitória em vitória, de conquista em conquista, estes generais foram figuras fundamentais na história de Roma. As suas tácticas, capacidade de liderança e decisões estratégicas marcaram durante séculos a arte da guerra. Mas, muitas vezes os homens que comandavam legiões dominavam também o Estado em tempos de paz.
A tradução é do Professor Carlos Fabião da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa
De volta
Após uma prolongada ausência, venho agora retomar a escrita.
Uma longa campanha de escavações arqueológicas, impediram a continuidade de diversos projectos.
Uma longa campanha de escavações arqueológicas, impediram a continuidade de diversos projectos.
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