terça-feira, 4 de novembro de 2008

Sula

Recorde-se que nesta altura, era considerado sacrilégio para um exército atravessar o pomerium, a fronteira simbólica da cidade.
Talvez devido ao efeito surpresa, Sula conquistou Roma e conseguiu assegurar o seu comando. No ano seguinte, partiu para o Oriente e deixou Roma nas mãos de dois cônsules, um aristocrata, Cneu Otávio e um plebeu, Cornélio Cina, que após sua partida, guerrearam entre si, criando uma guerra civil, que fez com que Mário voltasse da África, onde se refugiara, a Roma e se unisse a Cina. Os revoltosos de Cina pilharam e saquearam a cidade em demasia, obrigando-o a restabelecer a ordem por meio de um exército de gauleses, morrendo Mário nesta revolta.

Aparentemente indiferente à devastação política que se vivia em Roma, Sula arrecadou inúmeras vitórias contra Mitrídates, que se aliara a Atenas. Em 82 a.C. regressa a Itália para encontrar um exército à sua espera. Na breve guerra civil que se seguiu, a qualidade dos veteranos das suas legiões provou ser decisiva. Sula invade Roma uma vez mais e em 81 a.C. com a batalha da Porta Colina torna-se ditador romano vitalício. Com essa vitória, ele foi homenageado pelo povo com a construção de uma estátua de bronze e ainda instituiu no calendário, mais uma festa, a da vitória de Sula.

Com Roma na bancarrota, Sula recorreu à proscrição dos seus inimigos políticos para arranjar os fundos necessários às reformas que pretendia realizar.

Estas centraram-se essencialmente na concentração do poder no senado e na limitação da actividade legislativa da Assembleia do Povo. Sula foi essencialmente um conservador que se dedicou a eliminar todas as medidas progressistas tomadas nos últimos anos, valorizando a tradição do mos maiorum.
Ele perseguiu e matou diversos seguidores de Mário, até mesmo expulsou um grande jovem, sobrinho de Mário (por parte de sua esposa), chamado, Caio Júlio César, que se tornaria um dos maiores nomes da história de Roma.

Em 79 a.C., no pico do seu poder, Sulla toma a decisão de abdicar de todos os seus cargos e de se retirar da vida política. Com o objectivo de escrever as suas memórias, das quais sobrevivem alguns excertos, exilou-se na sua villa acompanhado por dançarinos, prostitutas e o seu amante Metróbio. Foi nesta companhia que morreu provavelmente de cirrose, no ano seguinte. Durante os anos subsequentes da República Romana, seu nome sempre foi lembrado como o primeiro transgressor das leis sagradas da República.

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